sábado, 17 de setembro de 2011

Perfeição

Em meu tempo de menino
Minha arte era mais nua
Simples, tosca,
Quase chula

Com estudo e muito tempo
Me tornei mais sabedor
Fiz do verso, uma ciência
Mais, da arte, pensador

Na ambição pela beleza,
Minha obra se perdeu
Não mais limpa e transparente
Mas vazia e sem amor

Hoje, lembro do início
Pouca rima, pouca cor
Inocente e sem pudor
Mas me agrada assim, sim!

Enquanto o erro conduz à correção
São os defeitos que começo a usar
Somos todos imperfeitos
E por isso, há perfeição!

sábado, 13 de agosto de 2011

Se a Mente Não Vigia


Nessa busca por sentido
Dá-se passos no escuro
Acabando por seguir
Ao relevo da vida

Enquanto o tempo passa
No relento, ao deleite
Não se pode reclamar
Se as ações não fazem frente

Nos refrões do dia-a-dia
É presente a hipocrisia
Pois não valem, esses versos
Se a mente não os vigia

Meu Jeito de Amar



Poetas vivem de momentos
E não me culpe pelos momentos
Que nunca foram para sempre
Sou poeta, não ator

Eu sempre soube
Como falar ao coração
Sempre ao alheio
Ao meu não, ao meu não...

Não sei fingir,
Não sei mentir,
Só sei falar, tudo que sei
Só sei cantar e cantar!

É pena eu não poder ditar
Obrigar, mandar nesse meu peito
E fazer, assim, eleito
Meu próprio jeito de amar

As Linhas Da Minha Palma

Hoje à noite as horas passam sem perceber
Vejo o quanto tão distante podemos ser
E como, assim, dói viver...

No meu peito bate uma dor anormal
Mas no fundo eu sei que isso tudo é tão natural
Todos nós sabemos que a vida é tão desigual...

Minha mente diz que assim, pra nós, é melhor
Mas no corpo, a vontade de te ter, é maior
E eu fico sem conseqüência...

Juntos, são só diferenças e não há paz
Mas sozinho sei que meu mundo não é capaz
E não há mais ninguém que me satisfaz...

Sei que volto e te faço sofrer
Se não volto, minto em dizer que não quero mais te ver
O que fazer, se na mente, tu não cala!?

E a razão me faz pegar uma forma de calma
E a lágrima não cai pra não lavar a alma
Encurtando mais e mais as linhas da minha palma...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dúvida

Quando o mais leal e confidente
Torna-se mais digno de suspeita que de confiança
Não há mais motivos para agrados e risadas
Salvo as falsidades e aparências

Pena eu não ser homem de língua afiada, ladino
De conquistar simpatia até dos inimigos
Boto logo o preto no branco
Jogo limpo, reto, claro

A incerteza só me traz confusão
Mas pelos anos e teor da amizade
Devo-lhe a dúvida
Antes do veredito

Apenas a miragem da traição
Basta para levantar meu ódio e mágoa
E já não sei se é maior o medo de saber a verdade
Ou de conhecer o culpado

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Alvorada

É uma alegria estranha
Quando acordo nas manhãs de inverno
E vejo os recém nascidos raios de sol pela janela

É uma sensação...
Como se a vida tivesse renovado
E tudo que foi não é mais, é novo

Será que a noite lembrou como se faz mágica?
Transformando em esperança o que jazia morto
Entregando à alvorada um poder de fênix...

Meu peito explode de vontade
Ainda que sem foco...
Como se pela droga, ou pela paixão, não sei
Euforia contida pela razão

E a canção que desse momento nasce
É só pra mim, ninguém mais
Pra lembrar que o ontem não voltará
E que bom que é assim... Que bom que é assim!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Atitude Dúbia

Se o que desejas é um simples momento de luxúria
Eu sei, é bom, mas não me basta.
Meu tormento é tua atitude: sempre dúbia
Num dia inverno, no outro, verão...

Minha ânsia é pelo calor
Não só do corpo, mas do todo
Aquele em que a falta, traz dor
E que por isso, apagado, sou indiferente

Por mais óbvio e irrelevante que pareça
Vale dizer que por trás da máscara
O que queremos, todos,
É apenas, ser amados...

sábado, 12 de março de 2011

Decisão

Depois de tanto penar
Miro meu futuro
Tão distante e relativo

Me balanço ao ver o caminho
Tão altivo, longo, errante
Sofrida, cada decisão

E sempre é necessário que eu abandone tudo
Perseguindo meu destino...
Balanço com as perdas, me devoro de dor

Sei que vou colher,
Mas quando chega o dia de ver
Os frutos do sacrifício?

Enfim, não arrependo, jogo tudo ao vento
Sei o que quero e o que sou,
Eu sei onde vou

E no fim das contas,
Tudo o que perco,
É o que já não preciso, nem pretendo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sem Amanhã

Minha noite beira a loucura
Sinto próximo o fim do teu apelo
Nenhuma carta mais
Nenhum recado

Conforme pedi
Em uma hora racional e ponderada,
Teu amor silenciou
Mas o meu não... Mas o meu não...

Eu sei, é fútil e simples assim
E parece poesia barata
As coisas são como são
Sei que a vida não tem parada...

E a garrafa de vinho que me deste
Não será aberta,
Ficará na lembrança do que poderia ter sido
Mas não foi, nunca foi...

Me rodeio de artifícios pra não te lembrar
Para não notar teu perfume e tuas coisas espalhadas
Como posso ceder a teu chamado,
Na certeza de um amor sem amanhã?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Os Ponteiros Devem Girar

Resultado de imagem para relógio da vida

Eu sei, teu corpo, agora, traria o conforto
Falso e volátil, como foi nosso tempo
Afinal, a saudade aperta assim
Privando da razão e de tudo mais

Aos poucos a noite se espalha pelo dia
E sem querer os olhos bandidos,
Te procuram na multidão
Nessas horas o orgulho é meu amigo

Teus recados e procuras
Enlouquecem mas me prendem
Se de longe, tão ligados
Juntos, sempre separados

Agora, nem os ponteiros, do avesso
Ou parados, como parecem estar
Poderiam, outra chance, nos dar
Precisam girar, sim. Devem virar.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Fica Pra Trás

Nunca vou entender porque temos que magoar quem amamos
Essas coisas de coisas da vida não me convencem
É estranho e dói o equilíbrio natural:
Alguém morre para que possamos nascer

Saber que um sofre para o outro sorrir
E agora, minha alegria é sempre limitada
Porque sei que tu sofres na mesma medida
Não é justo ter que dizer adeus quando a vontade é ficar

E a cada vez, é mais um pedaço de alma que fica pra trás
Esvaindo a vida, criando ira
Secando mais e mais
Direto para um mundo de apatia e exagerada cautela

Nostalgia à luz de velas
Pode até parecer coisa de novela
Mas eu sei que não sou o único
E mesmo assim, adeus...

Doce Fera

Por trás das janelas dos olhos do homem
Estava sempre a fera
Sempre na espreita, sempre direita
Ereta, direta

Porém, nas grades, aprisionada
Impedida de servir como devia
Negada de toda glória e vigor, deixada
Tornou-se vazia, estática, doentia

No olhar fixo mostra dominação
Sem desejo e sem anseio,
Privada de sonho e de paixão,
Negada de busca, sem razão

Faz da vida, um lago parado e morto
De conformação
Sem luta
Sem tesão

Assim são os homens em seu ceticismo
Frios e calculistas, vazios na futilidade
Não fazem mais reais, os sonhos
Mas os sonhos, de realidade...

Se não presa, se não fria
Se não morta, a alegria
Basta sabedoria
Quem pensa cresce, quem pensa cria!

Vórtex Cerebral

Não há felicidade maior do que saber
Que existe uma pessoa a quem recorrer
Quando tudo mais perece
Quando tudo mais esquece

Mas a falta dela não mais cega, nem ao orgulho
Não mais me entristece
É a diferença entre homem e menino
E talvez, também, entre amor e paixão...

Ilusões trocadas por objetivos
Imaginação pela lógica
Mas por incrível, e diferente, que pareça
Para mim alguns sonhos perduram, na gaveta de bagulhos...

Sonhos altos demais pra que um dia eu alcance
Mas me encorajam à esperança
Porque ainda acho que a diferença entre fortes e fracos
Se mede pelo tamanho de seus sonhos.